segunda-feira, 12 de novembro de 2018

The Handmaid's Tale inspira protesto pela legalização do aborto na Argentina

A ação política contou com o apoio da autora Margaret Atwood


Elisabeth Moss durante a cena da "cerimônia", onde as aias executavam o processo de procriação
Foto: inverse.com

Agnes Rigas e Beatriz Amorim
adorocinema.com (Adaptado)
Brasil.elpais.com
03/11/2018

Com a chegada de uma facção religiosa ao poder que transforma os Estados Unidos na República de Gilead, com o intuito de restaurar a paz, a trajetória de June (Elisabeth Moss) começa a ser contada por ela em seus diários. Baseada na obra de “O conto da aia” de Margaret Atwood, a série que está indo para sua terceira temporada, narra os tempos sombrios em que um regime totalitário é imposto seguindo as leis do antigo testamento e todos os direitos das mulheres e das minorias são revogados e tratados como propriedade do Estado. June que é conhecida como “Offrede” é uma handmaid que tem como função procriar para que o novo sistema imposto continue em ordem já que viviam em uma situação de calamidade em relação a fertilidade. Desde de sua estreia, "The Handmaid's Tale" se tornou símbolo para diversas ações políticas ao redor do mundo. O mais recente exemplo aconteceu na Argentina, no dia 25/07, várias mulheres usaram o famoso figurino vermelho e branco típico das aias, na adaptação do livro de Margaret Atwood, durante um protesto a favor da legalização do aborto no país.
As mulheres caminharam de cabeça baixa, até chegar ao prédio do Congresso nacional. Debaixo da chuva, foi lida uma carta de apoio da própria Margaret Atwood:"Ninguém gosta de aborto, mesmo seguro e legal. Nenhuma mulher escolheria isso para passar tempos agradáveis num sábado a noite. Mas ninguém gosta de mulheres sangrando até a morte, no chão do banheiro, por abortos ilegais. O que fazer?" No início do ano, a autora já havia comentado a causa em seu Twitter, após a vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti, dizer que é contra a proposta. "Não ignore as milhares mortes causadas por abortos ilegais todo ano. Dê o direito de escolha para as mulheres argentinas!"A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou uma lei que legaliza o aborto até a 14ª semana de gravidez, mas o projeto ainda precisa ser votado pelo Senado, em 8 de agosto. O presidente Mauricio Macri declarou que se opõe a ideia, mas não usará seu poder de veto.

Desde sua estreia, em 2017, a série vem chocando a todos com as questões políticas que são tratadas nela. Principalmente com relação ao papel do poder feminino na sociedade. Através da trama, podemos ver várias semelhanças com o mundo real em como a população machista desmoraliza e rebaixa o papel da mulher no senário atual, não dando a sua devida importância. 
Até agora, 37 senadores expressaram sua intenção de votar contra a legalização do aborto, entre eles o ex-presidente Carlos Menem; 31 são a favor, incluindo a ex-mandatária Cristina Kirchner, mas há quem peça mudanças nesse bloco; dois permanecem indefinidos, um se absterá e um estará ausente. Se os números se confirmarem, a votação será negativa e o projeto de aborto legal ficará sepultado por pelo menos um ano.
A meia aprovação da Câmara dos Deputados à legalização do aborto foi comemorada nas ruas de Buenos Aires por dezenas de milhares de mulheres com lenços verdes, abraços e gritos de “aborto legal no hospital”. Mas a vitória apertada também causou uma contra-ofensiva de setores conservadores da sociedade argentina, liderados pela Igreja Católica, pelos evangélicos e por altas autoridades do Governo Macri, incluindo mulheres importantes como a vice-presidente, Gabriela Michetti; a governadora de Buenos Aires, María Eugenia Vidal; e a deputada Elisa Carrió.

As argentinas escolheram os trajes da série justamente para se assimilarem com os seus direitos cortados. A justiça da Argentina não estava dando direito as mulheres do seu país a terem uma voz ativa sobre algo que tem a ver com sua saúde pessoal. Igual na trama, onde as mulheres não tem o direito de expressar absolutamente nada, são obrigadas a viverem nas regras que foram instituídas a elas e que claramente, não as respeitavam, com um pensamento de que estavam fazendo isso por um motivo maior do que todos.
No Brasil, é exibida pela Paramount Channel e atualmente, está fazendo um grande sucesso nos países pela reflexão política e social retratada na trama.

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